Reversos é o Terceiro CD lançado de Felipe Valente. Podemos
ver, assim como em suas outras duas obras a sua marca registrada: estilo Pop Rock
e voz potente. Muitos previam que mediante a um retorno de vários artistas ao
violão e somente ele, FV faria o mesmo. Os Arrais, Estevão Queiroga e um pouco
de Jeferson Pillar, Pedro Valença e Gabriel Iglesias parecia que tinham ditado
um estilo musical, mas só pareceu. Inclusive sua marca Pop Rock nem é tão sua
sendo que ela é anterior a ele, especificamente de sua produtora/esposa Susane Hirle.
Vemos bastante desse estilo trabalhos de Hirle como com Rafaela Pinho, Douglas
e Marcelle, Quarteto Vital e o próprio Valente. Não parece inovar no estilo,
mas inova em outros aspectos.
Reversos inova em não seguir seus contemporâneos com letras
complicadas, cheias de teologias e filosofias. O Álbum tem, mas não em excesso.
Diferente de Os Arrais “queimar os navios,
deixar nossa vida de lado ao entrar mata adentro...” as letras são fáceis
de entender. São letras mais entendíveis a um primeiro ouvir. Contudo temos
também uma pequena complexidade em algumas canções.
Despreocupado é a
primeira música que abre o CD falando sobre a confiança em Deus. Fala sobre
acreditar num tal ponto de se retornar como criança e se despreocupar com o que
há por vir. Numa cadência de bateria e guitarra seguida de um falsete no
primeiro refrão podemos sentir o que a letra quer transmitir. Quanto mais se
confia, menos preocupação se tem.
Chão da vida inicia
parecendo ser mais umas das músicas Folk que tanto ouvimos nas músicas atuais,
mas só parecia. Ela fala do crescimento que temos durante nossa vida. Do
aprendizado do que confiar ou não. Foca que é o conhecimento da palavra que nos
torna livres e nos revela pra onde iremos.
Justiça e Poder é
uma das músicas mais fortes desta obra. A introdução com piano dá o tom da
música. Fala sobre o poder que não é esse terreno ou o que podemos ter. Fala de
uma vida para conhecer a justiça e o poder de Deus. Aqui já podemos ver um
pouquinho de Filosofia (ser, ter, existir), mas nada que embaralhe a cabeça a
ponto da incompreensão. Na medida.
Embora tenha dito este CD fugia do estilo atual, Verei é uma exceção. Letra simples,
ritmo lento, quase melancólico. Conta da esperança de alguém que um dia verá o
que não se pode ver mais e as coisas prometidas como a volta de Jesus. No
retorno de Jesus que veremos o que vamos receber como a vida eterna, mas também
veremos as infelicidades como pessoas que não irão ao céu. Aqui vemos a
Teologia implícita, pois “todo olho verá a volta de Jesus” tanto justos como ímpios.
Canção de quem fica dá a entender ser uma história de alguém que foi deixado. Ao decorrer da música você consegue pensar que pode ser numa primeira interpretação o pai do filho pródigo. É alguém que tem o coração partido por alguém que vai embora e mesmo assim deixa saudades. No fim da música “o deixado” deixa em aberto a oportunidade de quem foi, mesmo fazendo o que fez poder voltar. Numa segunda interpretação pode ser nós nos distanciando de Jesus e Ele nos dando a oportunidade de voltar. Uma música linda que nos faz refletir tanto quanto Volta de Leonardo Gonçalves ou Pródigo de Jeferson Pillar.
Aleluia chega com seu som eletrônico indecifrável numa introdução de mais de 1min e 30sec. E por mais engraçado que pareça, são 4min e 56sec de música indecifrável. Parece que é uma daquelas músicas apenas instrumentais e estridentes para causar uma algo em nós. Assim como a música escondida “Por mim” de Leonardo Gonçalves que mais trás uma sensação do que a importância da letra. Para quem gosta de música vai gostar e quem só se importa com a letra, uma faixa esquecível.
Não ando só lembra
um pouco da História de Josué. Mas não se estende muito a ela. Embora seja bem
carregada no Rock é uma música que fala sobre fé. Na certeza de uma palavra
viva e que guia os passos pode ver a confiança de que não anda sozinho quem
está com Deus.
Paralelo retrata
o “paralelo” da vida, uma poesia de coisas tão longes, grandes e inalcançáveis e
ao mesmo tempo tão perto, pequenas e próximas de nosso toque. Uma letra
inspiradora que mostra que mesmo sendo pequenos, somos grandes e que mesmo
finitos podemos ter a eternidade dentro de nós.
Outra ordem é a
música que mais me agradou. A prova que uma letra difícil pode ser uma música
decorável (música chiclete). Além disso, tem uma letra forte que faz pensar. As
frases “Penso que não habitas mais em templos feitos por minhas mãos” e “És
Deus de Abraão, acima da religião” podem causar estranheza para aquele que não
costuma refletir ou estudar o que ouve. Mas para o que compreende a letra fala
dessa nova ordem que Jesus é o Salvador que nos chama e devemos saber se
aceitaremos ou não.
Monte Nebo é na Bíblia o monte onde Moisés viu a terra prometida e soube que não poderia entrar lá. Por esse titulo já da pra entender qual será o discorrer da música. Sem dúvida uma das músicas mais fortes. Pode ser a história de Moisés que lutou, venceu, pecou e confiou, mas que ao fim não teve o que achava ser a recompensa e pode ser a nossa história também, mas certos de que morrendo ou não, a vitória não é aqui e sim na eternidade do céu.
E Reversos é a canção
que intitula o Álbum. Ela que termina o CD falando daquele que embora more nos céus,
quer morar em nosso coração. Fala daquele que vem até nós e que podemos viver
ao seu lado. Também fala do reino que ira crescer (haja ênfase no crescer) e
multiplicar. Aqui temos uma dificuldade no que quer referir-se falando de reino.
Se é o próprio ser ou o reino de Deus mesmo. Por fim, parecia que seria uma música lenta e
reflexiva para fechar o álbum, mas foi melhor, chegando ao auge, com gritos e
solos de guitarra.
Logo, o Álbum é uma obra que fala com simplicidade, com
pitadas de teologia e filosofia, do céu, da volta de Jesus, de fé e de entrega.
Seu estilo musical não varia muito, mas isso não prejudica em nada a essência.
Muita Bíblia, muita poesia e muita reflexão. O que queremos mais em Álbum em
tempos em que isso está se tornando uma exceção e não uma regra. Sem dúvida,
ouça o CD Reversos, de Felipe Valente.
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